artigo escrito para o blog https://www.garotasperegrinas.com/ em 29 de Jun de 2018
Para entender este texto e não ficar espantada com o que escrevi aqui, peço que volte e leia o texto Vulnerabilidade do artista. Não leia somente se você for um(a) artista, mas leia com intenção de querer crescer em maturidade, tendo a vulnerabilidade como uma aliada para conectar-se com as pessoas.
Agora, como sei que você já leu sobre meu texto anterior, eu irei falar muito sobre meu processo sendo vulnerável e como isso tudo me ajudou a conectar com as pessoas. Neste texto envolverei Jesus, Espírito Santo e Deus (com a perspectiva de Pai), você sendo ou não cristão, espero que entenda como essa trindade foi fundamental em meu processo de cura.
Nós sempre nos deparamos com ciclos que se repetem em nossas vidas. Então passamos pelas mesmas coisas e talvez não conseguimos lidar com a dor e sofrimento daquela estação e, assim, nos sentimos estagnados, com a sensação de que nada mudou e, no fim, tudo está sangrando novamente.
Era assim que me sentia toda vez que eu revivia ou relembrava a situação de um relacionamento abusivo que tive e, quando digo abusivo, estou falando em todos os sentidos - físico, emocional e sexual -. Aquilo bagunçou a minha vida! Tinha somente vinte anos, era o meu primeiro relacionamento e ambos iam à igreja. E, quando tudo aconteceu, não assimilei o que estava acontecendo, comecei a ter ataques de pânico e ele sumiu do mapa.
No começo desse relacionamento, recordei que sofri um abuso sexual quando criança e quando tudo aquilo aconteceu me senti sozinha, perdida, sem vida, e eu achava que havia nascido para esse fim. Todo aquele ciclo se repetia novamente, agora com mais intensidade, pois era com alguém que eu estava prestes a me casar e o sonho de uma vida foi roubado em uma tarde. Me afastei da família, amigos, igreja… Por vezes, não fisicamente, mas emocionalmente. Comecei a procurar outras fontes para saciar a minha dor. Por ter fundamentos no cristianismo, não busquei em drogas ou relacionamento sexual para forjar essa dor, mas procurava pessoas que entendiam a minha dor e assim, me sentir pertencente a algo ou lugar. Então comecei a ir em festas da faculdade. Um dia às 5 da manhã, uma colega estava usando um pouco drogas na minha frente e, quando ela terminou, ela me perguntou: "Você conhece a Jesus, me fale um pouco dEle!" Naquele momento, o muro que eu estava construindo em minha volta, começou a desmoronar… Começaram a vir vários pensamentos em minha mente: "Eu te prometi a África, EUA, uma família saudável! Acredite em Mim." Foram os seis meses mais loucos da minha vida - no sentido ruim mesmo - no dia seguinte dessa pergunta, como uma crente, corri para a primeira igreja e então começou a minha #peregrinação para a minha cura e vencimento desses ciclos.
Nos quatros primeiros anos do começo dessa peregrinação, Deus cuidou do meu espírito! Enviou incríveis pais espirituais, mentores. Realmente me levou à África e ao campo missionário. Mas mesmo depois de 3 anos completamente dedicados ao campo, existia mentiras dentro de mim que me faziam acreditar que eu não era merecedora daquele tipo de Amor. Então, o Pai me levou a ou peregrinação mais distante. Ele me deu uma bolsa de estudos, em uma escola teológica/ministerial em um vale no norte da Califórnia, cercado de montanhas de neve e bosque. Longe da família, da minha terra e do meu comodismo.
Literalmente ele me levou ao vale, meu Getsêmani! Mesmo cercado de pessoas, foram os dois anos e meio mais cheio de solitude e de encontros com o Amor do Pai. Em um dia, estudando a palavra da mulher de fluxo de Sangue (Marcos 5: 25- 34), me deparei com uma frase: "E, conhecendo que a virtude de si mesmo saíra...", assim uma palavra saltou aos meus olhos, VIRTUDE. Fiz uma pergunta em minha mente: "Por que virtude? Por que não cura ou poder?". Imediatamente o Espírito Santo falou ao meu coração: “Qual outra passagem eu falo de virtude?" e eu respondi de prontidão que era Provérbios 31: Mulher virtuosa quem a achará? - UAU! -. Comecei a escrever uma dissertação sobre a mulher que, pelas leis judaicas, não podia fazer parte da sociedade devido ao seu fluxo de sangue, logo ela era marginalizada. Porém, quando Jesus a encontrou, Ele mesmo liberou virtude sobre ela trazendo ela de volta à sociedade. Incrível, não é?
Mas toda revelação que o Pai traz para nós é para trazer cura, vida e para nós sabermos quem nós somos!!! Então, em meio a todo o estudo, senti Jesus entrando naquele quarto e perguntando: "Nany, você não entendeu. Mesmo depois de sete anos, O QUE AINDA ESTÁ SANGRANDO que não te permite se sentir merecedora de uma comunidade e merecedora do meu Amor? Mesmo você andando ao meu lado, não se permite tocar em Mim?"
Chorei da mesma forma de quando o meu mundo caiu, mas dessa vez vulnerável para que o dono do amor real e mais seguro do mundo me preenchesse. Não queria que Jesus tocasse nesse assunto, mas naquele momento entendi a verdade sobre mim, a verdade de ser merecedora do Amor dEle, da cura dEle e da virtude dEle. Comecei a declarar Provérbios 31 para a minha alma, descobri que um ciclo redimido traz vida e ensinamentos para uma comunidade inteira. E foi assim que eu me permiti tocar no
meu redentor naquela manhã. A mudança era nítida no meu rosto. Como em qualquer outro processo de cura, fui confrontada com as mentiras que me cercavam, mas esse é assunto para um outro texto de como permanecer na cura.
Mas agora, eu quero perguntar para você leitora, O QUE ESTÁ SANGRANDO DENTRO DE VOCÊ, QUE VOCÊ NÃO SE SENTE MERECEDORA DESSA CURA? Quanto responder, permita-se tocar em Jesus. Deixe Ele redimir essas etapas repetitivas e trazer de volta para sociedade do Amor dEle.
Por Elaine Arruda
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